segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

.::Ínicio::.

Não sei desenhar... assim como não sei cantar! É daquelas coisas que podemos treinar quando gostamos e queremos mas sem o talento natural, o rasgo de genialidade que permite que coisas bonitas se tornem sublimes, provoca-me sempre a sensação de eterna amadora e aprendiz. E apesar de não saber desenhar, a verdade é que gosto. Gosto e tranquiliza-me!

Esta estória começa desde sempre com um gosto por pedras roladas, lisas, batidas e desgastadas pelo tempo e pela água. Pequenos seixos redondos e lisos, de todas as cores atraem-me o olhar e as mãos. Pego neles, sinto-lhes a textura, a temperatura, a forma como as minhas mãos a aconchegam e como elas se aninham entre os meus dedos.
É uma sensação reconfortante, equiparada ao meu gosto por palavras e poesia. Esse nasceu das noites em que a minha mãe me lia à noite, antes de dormir e da forma como as palavras que lia me transportavam para um mundo de sonho e fantasia, muito antes de adormecer.

Lembro-me da primeira vez que vi pedras pintadas com palavras escritas e lembro-me do encanto que senti por ser possivel combinar de tal forma duas coisas que tanto aprecio.

Quando este natal pensei em que prendas gostaria de fazer para as pessoas que me são queridas, lembrei-me dessas pedras e, como tentar não custa nada, lancei mãos à obra. Fui a praia da minha infância, apanhei um saco enorme cheio de pedras roladas e lisas, comprei as tintas e comecei a pinta-las e a escrever uma palavra em cada uma. A brincadeira depressa se transformou em noites de deliciosa criatividade e meditação, em que cada palavra era escrita com todo o amor e curiosidade de tentar adivinhar quem a escolheria. Fiz mais de quarenta pedras, coloquei-as num saco e pedi a cada pessoa que retirasse uma. Com palavras desde "Perserverança" e "Intuição" a "Beija" e "Dança", foi curioso como cada pessoa retirou a que mais precisava de ler, de se lembrar e integrar. E a sensação de que poderia fazer isto o resto da vida... ou pelo menos durante o tempo em que me der este gosto e satisfação, começou a nascer e a crescer. Deixei passar algum tempo e esta vontade continuava e continua a crescer.

Estas não vão ser oferecidas, vão ter um valor de troca, pois vão ser colocadas, não num saco, mas à vista, numa banca, num tecido, numa qualquer feira de artesanato a que possa ir e que aceite que lá estejam.

Mas o carinho, o cuidado com que as faço são os mesmo que me moveram no natal. Lentamente, devagarinho, experimento padrões, cores e contrastes. Cada uma é diferente da anterior e a única coisa em que não se diferenciam é no facto de estarem carregadinhas de amor...

E com esta me fico...com uma frase de que não me lembro o autor nem as palavras exactas mas que vivo o sentido:

Faz o que amas,
Ama o que fazes!